Projeto Cisternas
Números do Projeto
Total de famílias beneficiadas: 1094
A
cisterna é uma tecnologia popular para a captação e armazenamento de água da
chuva e representa uma solução para amenizar as dificuldades encontradas pela
população rural do semiárido brasileiro com os efeitos das secas prolongadas.
Com capacidade de até 16 mil litros de água, a cisterna de placas supre a
necessidade de consumo de uma família de cinco pessoas por um período de
estiagem de oito meses. Além da melhoria na qualidade da água consumida, a
cisterna reduz o aparecimento de doenças em adultos e crianças, eleva a
autoestima dessa população e promove a dignidade e a cidadania, um direito de
todos. Nesse período, o acesso à água normalmente ocorre por meio de barreiros,
açudes e poços que ficam a grandes distâncias e possuem água de baixíssima
qualidade, provocando várias enfermidades.
Objetivo do Programa
Beneficiar
famílias rurais de baixa renda com dificuldade de acesso à água com a
construção de cisternas de placas de cimento, para armazenamento da água da
chuva, bem como proporcionar capacitação e formação para a convivência com o
semiárido. Com isso, espera-se que as famílias beneficiadas possam melhorar
suas condições de vida, facilitando o acesso à água para consumo humano e evitando que as
mesmas despendam grande parte do dia em longas caminhadas em busca de água,
melhorando assim a qualidade da água e a sua preservação, dando a família
condições de usufruir deste bem com boa qualidade, contribuindo também para a
garantia da Segurança Alimentar e Nutricional.
Metas do Projeto
a.
Seleção e cadastro de 1094 famílias beneficiárias
b.
Capacitação em Gerenciamento de Recursos Hídricos de
1094 beneficiários
A capacitação de beneficiários é parte essencial
para a sustentabilidade do projeto. A experiência vem demonstrando que somente
com o envolvimento das famílias, e a devida conscientização e orientação, é
possível garantir a adequada utilização da cisterna e a maximização dos
benefícios dela decorrentes. O conteúdo da capacitação e as técnicas de ensino
devem obrigatoriamente estar inseridos na realidade econômica e cultural das
famílias
c.
Confecção de 1094 bombas manuais feitos por jovens das
comunidades atendidas
A confecção de bombas manuais envolve jovens das comunidade atendidas pelo projeto.
A confecção de bombas manuais envolve jovens das comunidade atendidas pelo projeto.
d.
Capacitação de 10 pedreiros em construção de cisternas
de consumo
A capacitação para a construção de cisternas envolve a organização de equipes de até dez pessoas para participar do processo orientado de aprendizagem de técnicas e suas aplicações na construção da cisterna de placas. É destinada beneficiários/pessoas que pretender aprender as técnicas de construção de cisternas.
e.
Construção de 1094 cisternas de consumo humanoA capacitação para a construção de cisternas envolve a organização de equipes de até dez pessoas para participar do processo orientado de aprendizagem de técnicas e suas aplicações na construção da cisterna de placas. É destinada beneficiários/pessoas que pretender aprender as técnicas de construção de cisternas.
A cisterna
é uma tecnologia simples, de baixo custo e adaptável a qualquer região. A água
é captada das chuvas, através de calhas instaladas nos telhados das casas. De
formato cilíndrico, coberta e semienterrada, o reservatório tem capacidade para
armazenar até 16 mil litros de água, quantidade suficiente para uma família de
5 pessoas beber e cozinhar, por um período de 6 a 8 meses – época da estiagem
na região.
As placas da cisterna
são construídas de cimento pré-moldadas feitas pela própria comunidade. A
construção é feita por pedreiros das próprias localidades, formados e
capacitados pelo P1MC. Já a contribuição das famílias no processo de construção
se caracteriza com a contrapartida.
Com a cisterna, cada
família fica independente, autônoma e com a liberdade de escolher seus próprios
gestores públicos, buscar e conhecer outras técnicas de convivência com o
Semiárido e com mais saúde e mais tempo para cuidar das crianças, dos estudos e
da vida em geral.Projeto Mais Água:
Captação de Água de Chuva para Produção no Semiárido Baiano
Números do Projeto
Total dos beneficiários 360
Objetivo Geral
Contribuir
para a melhoria das condições produtivas da agricultura familiar do
semiárido baiano e para a sensibilização social acerca da “convivência
com o semiárido” no Estado, sobretudo através da captação, armazenamento
e utilização sustentável da água da chuva, visando a segurança
alimentar e a ampliação das possibilidades de renda das famílias
Objetivos
Específicos
1)
Propiciar
o acesso descentralizado à água para a produção para famílias do semiárido
baiano, através da construção de estruturas hídricas familiares e comunitárias
de captação e armazenamento de água da chuva;
2) Estimular
a produção agroecológica e solidária, considerando os princípios da convivência
com o semiárido;
3) Contribuir
para a segurança alimentar e aumento das possibilidades de renda das famílias
envolvidas;
4) Capacitar
as famílias para o gerenciamento, conservação e utilização sustentável das
estruturas hídricas, assim como aspectos gerais da convivência com o semiárido
e da segurança alimentar;
5)
Possibilitar
o intercâmbio de experiências e conhecimentos entre as famílias envolvidas, em
relação às atividades e temáticas do projeto;
Sensibilizar a
sociedade civil, estudantes, professores e gestores da educação em nível médio e
superior para a importância e viabilidade de realização de atividades
pedagógicas relacionadas à convivência com o semiárido.
Metas do Projeto
1) Barreiro trincheira – os barreiros
trincheira familiares são tanques longos, estreitos e fundos, em formato de
trincheira, escavados no subsolo. Para que a evaporação seja reduzida, a
construção dos barreiros deve se orientar pelos seguintes princípios: o
comprimento deve ter de 30 a 35 metros e a largura de 5 metros para que a
lâmina d’água seja pequena e com isso a ação dos ventos e do sol sobre a água
seja menor, diminuindo a evaporação. Dependendo do tipo de solo, o barreiro
poderá ser mais profundo, diminuindo o seu comprimento. A profundidade mínima
deve ser de 4 metros. Quanto mais profundo melhor, para que a água fique mais
fria, reduzindo desse
modo a evaporação.
O barreiro trincheira, para que funcione bem e seja de qualidade, deve
ser construído em terreno que segure água. Portanto o terreno deve ser
escolhido com muito cuidado. Essa tecnologia tem por finalidade o armazenamento
de água da chuva para matar a sede dos animais como também para que a família
beneficiária tenha um "quintal
produtivo" com verduras, legumes e frutas que ajudarão na alimentação
e melhoria da saúde e garanta, desse modo, a segurança alimentar e nutricional
das pessoas. Se houver sobras da produção, elas podem ser comercializadas. Para
proteger o pomar e as hortas, uma área ao redor do barreiro trincheira deve ser
cercada. É recomendado também que se construa um bebedouro para os animais. Por
ser profundo, o barreiro se torna perigoso para crianças e adultos; deve-se,
portanto, construir outra cerca de tela ou de madeira ao redor do barreiro. As
famílias que recebem um barreiro trincheira participam de um curso em que se
discutirá o uso racional da água e técnicas de cultivo de hortaliças. Também
serão orientadas durante as visitas técnicas e outros intercâmbios realizados
para troca de experiências entre agricultores/as.
a. Seleção de 360 famílias
beneficiárias;
b. Capacitação de 360 pessoas em
Convivência com o Semiárido e Gerenciamento de Água para Produção;
c. Capacitação de 10 (dez) pessoas
de Comissões Municipais;
d. Capacitação de 10 (dez)
pedreiros em construção de cisternas de produção
e. Construção de 210 cisternas produção
modelo calçadão com canteiros e sistema de irrigação econômico, cerca telada e
insumos para captação de água de chuva;
f. Escavação de 150 barreiros
trincheira com capacidade para 600 mil litros de água, com;
g. Implantação de 360 unidades de
caráter produtivo;
h. Realização de viagens de
intercâmbio com as 360 famílias beneficiárias;
i. Realização de 01 encontro
municipal avaliativo com 50 pessoas;
j. Realização de 01 evento de avaliação
e integração produtiva do projeto com 50 pessoas;
Área de atuação
Município
|
Cisternas Calçadão
|
Barreiro Trincheira Familiar
|
Amargosa
|
42
|
30
|
Elísio
Medrado
|
42
|
30
|
Santa
Terezinha
|
42
|
30
|
Castro
Alves
|
42
|
30
|
Cabaceiras
do Paraguaçu
|
42
|
30
|
Descrição das Tecnologias Propostas
A alta taxa de evaporação e os ventos são responsáveis pela perda, sem consumo, da água estocada nas aguadas abertas no solo. Diante dessa constatação é necessário construir reservatórios que levem em conta determinadas técnicas para reduzir a evaporação. Quanto maior o espelho d’água tanto maior a evaporação. Então, para minimizar esse problema, os reservatórios devem ser cobertos ou ter espelho d’água pequeno. A seguir breve descrição das tecnologias a serem implementadas:
2) Cisterna de produção – tem capacidade
de estocar 50 mil litros de água. Ela mede 6m de diâmetro e 2m de profundidade.
É construída totalmente dentro da terra, ficando somente a cobertura de forma
cônica acima da superfície. A água de chuva que escorre pela terra, antes de
entrar para a cisterna, passará por duas pequenas caixas, uma seguida da outra.
A função dessas caixas é reter a terra e a areia que vêm junto com a água para
que elas não cheguem ao fundo da cisterna. É importante verificar se a área é
suficiente para sua construção. As cisternas de produção de enxurrada enchem
com muita facilidade, fato importante considerando que mesmo com poucas chuvas
elas poderão repor o volume durante todo o período chuvoso. A retirada da água
da cisterna é feita por meio de uma bomba de repuxo manual. As famílias beneficiárias receberão
informações sobre como usar a água com cuidado, evitando desperdício. A água se
destinará à dessedentação de um pequeno rebanho de cabras ou ovelhas e ainda
para irrigar um ou dois canteiros econômicos para a produção de verduras.
O presente Projeto dará continuidade a uma série de benefícios de cunho
social, econômico, ambiental e cultural já experimentados no Projeto Aguadas.
Socioeconomicamente o projeto possibilita a geração de renda familiar através
de agricultura, pecuária, silvicultura e matérias primas diversificadas;
incentiva e promove a utilização de tecnologias de baixo custo, a exemplo de
irrigação por gotejamento e hortas econômicas, aquecendo o mercado local;
facilita a integração produtiva com outras políticas públicas para a
agricultura familiar e a economia solidária; as tecnologias são simples,
pequenas e suficientes, de baixo custo e fácil de serem apropriadas pelos
beneficiários.
Ambientalmente o projeto fomenta e
possibilita a produção agroecologia e consequente aumento da biodiversidade;
evita o desmatamento, gerando alternativas de renda para as famílias; não
interfere negativamente no fluxo hídrico; evita a perfuração de poços em casos
desnecessários; umedece o solo de forma gradativa, favorecendo sua estrutura
física, química e biológica e, ainda realiza o plantio de mudas nativas
conjuntamente com todas as tecnologias desenvolvidas.
O projeto
também gera benefícios culturais, psicossociais e de saúde familiar ao aumentar
a autoestima das famílias devido à possibilidade produtiva. Promove,
ainda, a autonomia política, através da
não dependência dos “carros-pipa” devido à geração de renda; a integração
familiar e facilita a permanência das famílias em suas comunidades; e incentiva
o consumo de alimentos saudáveis produzidos localmente.
Semiárido
Segundo dados oficiais do Ministério da Integração, o Semiárido brasileiro abrange uma área de 969.589,4 km² e o Semiárido baiano representa cerca de 40% do total dessa área, sendo a Bahia, portanto, o Estado com a maior área de semiárido entre todos os estados brasileiros.
Nessa região, vivem 22 milhões de pessoas, que representam 11,8% da população brasileira, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É o Semiárido mais populoso do planeta.
O Semiárido tem a maior parte do seu território coberto pela caatinga e é rico em espécies endêmicas, ou seja, que não existem em nenhum outro lugar do mundo. A composição florística da caatinga não é uniforme em toda a sua extensão. Apresenta grande variedade de paisagens, de espécies animal e vegetal, tanto nativas quanto adaptadas, com alto potencial e que garantem a sobrevivência das famílias agricultoras da região.
Essa heterogeneidade tem levado alguns autores a utilizar a expressão “as caatingas”. Na sua pluralidade pode-se falar em pelo menos 12 tipos de caatingas, que chamam atenção especial pelos exemplos incríveis de adaptações ao habitat.
Outra característica do Semiárido brasileiro é o déficit hídrico. Mas, isso não significa falta de água. Pelo contrário, é o semiárido mais chuvoso do planeta. A média pluviométrica vai de 200 mm a 800 mm anuais, dependendo da região. Porém, as chuvas são irregulares no tempo e no espaço. Além disso, a quantidade de chuva é menor do que o índice de evaporação, que é de 3 mil mm/ano, ou seja, a evaporação é três vezes maior do que a de chuva que cai.
Isso significa que as famílias precisam se preparar para a chegada da chuva. Ter reservatórios para captar e armazenar água é fundamental para garantir segurança hídrica no período de estiagem, a exemplo das cisternas domésticas para consumo humano, e cisternas calçadão ou de enxurradas, barragens subterrâneas, tanques de pedra etc... para a produção de alimentos.
Indicadores sociais
Apesar do enorme potencial da natureza e do seu povo, o Semiárido é marcado por grandes desigualdades sociais. Segundo o Ministério da Integração Nacional mais da metade (58%) da população pobre do país vive na região. Estudos do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) demonstram que 67,4% das crianças e adolescentes no Semiárido são afetados pela pobreza. São quase nove milhões de crianças e adolescentes desprovidos dos direitos humanos e sociais mais básicos e dos elementos indispensáveis ao seu desenvolvimento pleno.
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) no Semiárido é considerado baixo para aproximadamente 82% dos municípios, que possuem IDH até 0,65. Isso significa um déficit em relação aos indicadores de renda, educação e longevidade para 62% da população do Semiárido.
Renda
As contradições e injustiças que permeiam a região podem ser percebidas inclusive no acesso à renda, que reflete também uma forte desigualdade de gênero. Metade da população no Semiárido, ou mais de dez milhões de pessoas, não possui renda ou tem como única fonte de rendimento os benefícios governamentais. Na sua maioria mulheres (59,5%).
Os que dispõem de até um salário mínimo mensal somam mais de cinco milhões de pessoas (31,4%), sendo 47% mulheres. Enquanto isso, apenas 5,5% dispõe de uma renda entre dois a cinco salários mínimos, a maioria homens (67%), e dos 0,15% com renda acima de 30 salários mínimos apenas 18% são mulheres.
O Índice de Gini, que mede o nível de desigualdade, está acima de 0,60 para mais de 32% dos municípios do Semiárido, demonstrativo de uma elevada concentração da renda na região. (Quanto mais próximo de 1, maior é a desigualdade).
Essa realidade metrificada e calculada pelas estatísticas é o reflexo de milhões de vidas que lutam cotidianamente sem o acesso aos direitos sociais e humanos mais fundamentais: aqui se inclui o direito à água. Uma realidade que exige transformações urgentes.
Êxodo
A população rural, de mais de oito milhões e meio de pessoas, reduziu 5,7% em relação ao ano 2.000 e hoje representa apenas 38% da população na região. Foram mais de 520 mil pessoas que deixaram de viver no Semiárido rural nos últimos dez anos. Estes números acompanham uma tendência no país, onde a população rural caiu em 6,3% no período analisado.
Esse dado reflete, também, que o Brasil ainda está aquém de garantir as condições necessárias para a opção das famílias de permanência no campo, em especial no Semiárido. Entre os principais elementos nesse processo está a elevada concentração de terras e de água.
Terra
Caracterizada por prolongado período seco, irregularidade de chuvas, semiaridez do clima e alta taxa de evapotranspiração, a região é marcada por uma histórica estrutura concentradora de renda, riquezas, água e terra.
No Semiárido existem mais de um milhão e setecentos mil estabelecimentos agropecuários (33% em relação ao total no país). Destes, 73% são proprietários que concentram 93% das terras da agropecuária; enquanto isso, 27% dos estabelecimentos agropecuários no Semiárido encontram-se em situação precarizada na relação com a terra, dispondo de apenas 7% da área.
Aqui se inclui o grupo de assentados/as sem titulação definitiva, com 2,8% do número de estabelecimentos; os arrendatários, com 3,7%; os parceiros, com 3,9% e os ocupantes com 11% dos estabelecimentos agropecuários. Soma-se a estes o grupo de produtores/as sem terra no Semiárido, havendo mais de 92 mil famílias agricultoras nessa condição (5,4% dos estabelecimentos agropecuários), representando 36,3% das famílias agricultoras sem área do Brasil concentradas no Semiárido. (Fonte: asabrasil.org.br - acesso 08-09-2011).
Clima e Água
Essa concentração da terra rebate também na questão da água, apresentando reflexos em diversas dimensões da vida das pessoas. Atualmente 67% das famílias rurais nos estados que compõem o Semiárido não possuem acesso à rede geral de abastecimento de água, sendo que 43% utilizam poços ou nascentes e 24% utilizam outras formas de acessar a água, que compreendem inclusive, buscas em fontes distantes, com longas caminhadas diárias, para o uso de uma água muitas vezes inadequada ao consumo humano.
Nesse contexto, a dificuldade no acesso à água, que em parte seria resultado do índice pluviométrico e da elevada taxa de evapotranspiração, é consequência, mais do que tudo, de uma política concentradora da água, através da qual uns poucos e privilegiados detêm a posse e uso de quase toda a água do Semiárido, enquanto outros morrem de sede.
Em uma região com inúmeras desigualdades, são também múltiplas as alternativas e estratégias possíveis para a garantia do acesso à água por suas populações, muitas construídas por elas próprias. Na luta diária pela sobrevivência, mulheres e homens, portadores de um vasto saber adquirido a partir da observação da natureza ao longo dos tempos, aprenderam a arte de conviver com o meio ambiente olhando os ciclos das chuvas, o comportamento das plantas e dos animais e as características do solo e do clima.
Foi esse conhecimento que construiu as melhores técnicas de convivência com o Semiárido, a partir da iniciativa da estocagem, que tem sido garantida a partir da construção de tecnologias sociais para captação e armazenamento da água da chuva.
Justificativa
Da área total do Estado da Bahia de 567.692,67 Km², cerca de 69,57% encontram-se na região do semiárido, sendo 265 municípios, totalizando uma área de 392.853 Km², o que equivale a 40,52% de todo semiárido brasileiro (IBGE 2000). Esta região apresenta uma pluviosidade média anual de 200 a 800 mm, havendo evapotranspiração e insolação elevadas (2.000 mm/ano e 2.800 horas/ano, respectivamente) e sua população, segundo Censo IBGE 2000, abriga quase a metade da população da Bahia — 48,4% ou 6.320.887 habitantes, sendo que 47% vivem na área rural e, portanto, são mais vulneráveis aos efeitos das prolongadas estiagens. Possui cerca de 32 milhões de áreas agricultáveis, as lavouras ocupam 4 milhões e as pastagens 15 milhões de hectares, restando ainda 13 milhões disponíveis para o uso agrícola.
A região do semiárido brasileiro reúne um conjunto de características climáticas, geo-morfológicas, econômicas e sociais peculiares, que resultam numa paisagem marcada pela dificuldade no acesso a recursos hídricos e pela resistência de sua população.
Do ponto de vista climático, o semiárido brasileiro é marcado pela forte insolação, pela baixa nebulosidade, por elevadas taxas de evaporação, por temperaturas constantes e relativamente altas e pelo regime de chuvas marcado pela irregularidade e concentração das precipitações num curto período de tempo. Em toda região, pouquíssimos rios e corpos d'água são perenes e as condições reduzidas para armazenamento de água subterrânea agravam ainda mais a seca e aumentam o risco de desertificação em toda a região.
Cidades como Uauá, Euclides da Cunha, Jeremoabo, Juazeiro, Guanambi e Itatim estão entre as cidades da Bahia onde há áreas susceptíveis à desertificação. Sendo suas principais causas o extrativismo vegetal e mineral, desmatamento desordenado, queimadas, indústria, olarias, superpastoreio e sobrepastoreio, uso intensivo do solo na agricultura, irrigação mal conduzida, manejo e utilização incorreta do solo causando salinização.
A conjunção desses fatores leva as populações a um estado de extrema pobreza, fazendo com que se estabeleça um processo de migração intensa para outras partes do país na busca de condições mais favoráveis de sobrevivência, e, consequentemente, agravando os problemas de infraestrutura nos centros urbanos.
As chuvas são concentradas em um período de três a quatro meses. Além de concentradas no tempo, normalmente ocorrem sob a forma de fortes aguaceiros de pequena duração. Essas características, aliadas à baixa taxa de infiltração no solo, acarretam o rápido escoamento superficial e, consequentemente, o agravamento das condições de acesso a recursos hídricos para uso doméstico e produção agropecuária.
Ainda segundo dados do IBGE (PNAD/2009), no Estado da Bahia apresentam-se os seguintes indicadores de insegurança alimentar: prevalência de domicílios em situação de insegurança alimentar leve: 21,5 %; prevalência de domicílios em situação de insegurança alimentar moderada: 10,8%; prevalência de domicílios em situação de insegurança alimentar moderada 8,9%.
Os dados do IBGE continuam a informar sobre o Mapa de Pobreza e Desigualdade – Municípios Brasileiros 2003. No caso da Bahia, a incidência da pobreza é de 43,47% (Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000 e Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF 2002/2003. NOTA: A estimativa do consumo para a geração destes indicadores foi obtida utilizando o método da estimativa de pequenas áreas dos autores Elbers, Lanjouw e Lanjouw (2002).)
É importante salientar que esses indicadores sociais vêm caindo na última década, ano após ano, em função das políticas sociais adotadas pelos governos Federal e do Estado da Bahia.
fonte: http://asabrasil.org.br/Portal/Informacoes.asp?COD_MENU=105
Conheça a ASA - Articulação Semiárido Brasileiro http://asabrasil.org.br/Portal/Informacoes.asp?COD_MENU=97
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