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A cisterna-calçadão tem capacidade para armazenar até 52 mil litros de água | Foto: Valda Nogueira / Arquivo ASACom |
A agricultura familiar e camponesa está ganhando mais aliados no desafio
da convivência com o Semiárido. No último dia 06 de maio, a Articulação
Semiárido (ASA) e a Petrobras firmaram contrato de patrocínio para a
construção de tecnologias sociais e estratégias de desenvolvimento local
sustentável em 210 municípios nordestinos e do norte de Minas Gerais. O
documento viabiliza ações dentro do Programa Uma Terra e Duas Águas
(P1+2), da ASA, para beneficiar cerca de 100 mil pessoas.
O contrato terá vigência de um ano para
construir 20 mil tecnologias sociais de captação e armazenamento de água
para produção de alimentos e criação animal, além de intercâmbios com
agricultores e agricultoras familiares, sistematização de experiências,
entre outras atividades que visam a multiplicação de boas práticas de
convivência com o Semiárido. Ao todo, 65 organizações sociais que fazem
parte da ASA vão executar as ações, distribuídas por nove estados do
Semiárido.
“O Semiárido ainda necessita de processos de
armazenamento e distribuição democrática de água para a produção.
Basicamente toda água de produção no Semiárido está concentrada nas mãos
de poucos e para poucos usos. Então quando entramos nessa parceria com a
Petrobras, não apenas para construir implementações de captação de
água, mas também para realizar capacitações, intercâmbios e troca de
conhecimentos entre agricultores, na perspectiva da produção de
alimentos e da agroecologia, nós damos um passo importante para a
convivência com o Semiárido”, avalia o coordenador executivo da ASA,
Naidison Baptista.
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A cisterna-enxurrada aproveita o declive do solo para captar água | Foto: Valda Nogueira / Arquivo ASACom |
Dentre as 20 mil tecnologias, o patrocínio vai apoiar a construção de
cisterna-calçadão, cisterna-enxurrada, barreiro-trincheira e barragem
subterrânea para famílias que já possuem água para consumo humano
(beber, cozinhar e escovar os dentes). Estão previstos ainda cinco
intercâmbios, sendo dois interestaduais e três intermunicipais,
envolvendo cerca de cinco mil agricultores, produção de 260 boletins e
195 banners de experiências, apoio na construção de 130 casas de
sementes, implantação de 65 viveiros de mudas e capacitação de pedreiros
e pedreiras. Outra atividade que será apoiada pela Petrobras é a
terceira edição do Encontro de Agricultores Experimentadores, que será
realizado no mês de outubro, em Campina Grande, na Paraíba.
De acordo com Naidison Baptista, este novo
contrato é fruto das boas referências que a ASA construiu no cumprimento
de metas, execução de políticas públicas e capilaridade para atuar no
Semiárido. “A ASA tem capacidade de chegar aos pontos mais longínquos,
onde estão efetivamente os agricultores e agricultoras mais pobres”,
destaca Naidison.
Naidison destaca também que o cenário positivo
para o acordo é resultado do comprometimento de outros parceiros, como o
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), na
“vontade política de universalizar o acesso à água para consumo humano,
através do Programa Água para Todos e, concomitantemente, de ampliar, ao
máximo possível, o acesso das famílias à água para produção”.
A nova parceria está se consolidando durante a
maior estiagem dos últimos 50 anos e vai reforçar as ações e propostas
da ASA na construção de ações políticas estruturantes para a autonomia
da agricultura familiar do Semiárido. “Não é um contrato de ações
passageiras, mas de ações permanentes. As tecnologias que serão
implementadas nas propriedades garantem e preparam os agricultores numa
dimensão de conviver e resistir no Semiárido”, define Naidison.
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